Seria Julia Fox a única celebridade atual que entende como se autopromover e ao mesmo tempo ser autêntica e honesta? Estaria ela caminhando na estrada rumo ao título de It Girl contemporânea? Teria ela atingido à fama apenas por ter brevemente namorado o polêmico rapper Ye (anteriormente conhecido como Kanye West)? De onde surgiu o furacão Julia Fox? Da cena artística independente de NYC? Do cinema? Da indústria da moda? No Alerta It Girl? de hoje vamos abordar a recente porém flamejante jornada rumo à fama de uma jovem artista plástica que fazia exposições de peças feitas com seu próprio sangue, se viciou cedo em entorpecentes injetáveis, escreveu uma polêmica autobiografia, tornou-se a musa dos irmãos cineastas, Josh e Ben Safdie e hoje é a rainha do TikTok.
Você pode conhecer Julia Fox apenas pelo seu nome que não parece sair da boca da mídia nos últimos meses. Ou talvez você a conheça como a ‘ex namorada de Kanye West‘. Pode ser que a conheça graças à seu bombado e realista perfil no TikTok. Ou pelo menos você já esbarrou em alguma matéria de moda sobre o guarda-roupas excêntrico e ousado da possível It Girl do momento. Mas aqui nós vamos explorar com mais detalhes a biografia e a carreira da artista e amarrar todos esses diferentes fragmentos de sua personalidade que a tornam uma das maiores celebridades da atualidade.
A Mrs. Fox faz questão de mostrar que, apesar de adorar artigos de luxo, roupas de grife e flashes de paparazzi, ela é apenas uma garota simples, cool e alternativa da selva de pedra que é NYC. E sua biografia de vida e carreira realmente mesclam esses dois pontos tão distintos de sua personalidade. A atriz e modelo ítalo-americana frequentou a City-As-School, uma instituição de ensino que soa quase hipster demais quando você descobre que Jean-Michel Basquiat himself também fez o ensino médio lá. E Julia faz questão de deixar claro, em uma recente entrevista para a célebre revista The Cut, que ela não sabe como é se sentir uma ‘prom queen‘ (rainha do baile do colégio), já que cresceu de forma alternativa, selvagem, rebelde, ‘suburbana‘. Mas o que seria considerado um comportamento de prom queen nos dias atuais? Vestir as maiores grifes do mundo como Schiparelli e Balenciaga? Acumular mais de 1 milhão de seguidores no Instagram? Namorar ‘apenas bilionários’ como os rappers Drake e Ye e depois contar tudo sobre esses misteriosos relacionamentos para as maiores revistas e mídias atuais como a Interview Magazine? Posar para um secreto e sensual ensaio de fotos no luxuoso bistrô francês Lucien? Porque nos parece que todos esses itens são parte do pacote de ‘cool girl‘ atualmente (ou talvez sempre tenha sido assim) e Julia coleciona cada um deles em seu curriculum. E como uma boa It Girl, todos esses fatores que a envolvem também envolvem uma rebeldia que faz o público criar um fascínio pela vida da artista (assim como acontecia com as rebel girls dos anos 2000 como Lindsay Lohan, Paris Hilton, Nicole Ritchie, etc). Vocês acham mesmo que a gata não teve a ousadia de acender um cigarro dentro do Lucien e até mesmo fumar um na primeira fila de um desfile de moda?
Mas você deve estar pensando que soa contraditório listar todos os luxos, rebeldias e polêmicas da atriz e modelo e ainda assim mencionar que atualmente ela talvez seja considerada uma das celebridades mais realistas e honestas que podemos acompanhar sem culpa nas redes sociais. Isso porque Julia é extremamente sincera em suas entrevistas e em seu podcast The Forbidden Fruit, além de fazer aparições diárias em seu perfil do TikTok sem maquiagem, desarrumada, conversando com os fãs descontraidamente, debatendo qualquer assunto que passe por sua cabeça, e até mesmo oferecendo tutoriais de como reproduzir suas mais famosas trends de maquiagem em casa (como as sobrancelhas descoloridas e o delineado grosseiro). A artista não pensa duas vezes antes de revelar os mais vergonhosos fatos de sua vida pessoal, suas angústias, sua relação com a maternidade nua e crua (ela é mãe do pequeno Valentino de quase 2 anos), seus problemas emocionais e seu passado vício em drogas pesadas como heroína. Inclusive, antes de atingir a fama excessiva em 2022, a artista lançou uma autobiografia em formato fotográfico sobre sua jornada como uma jovem viciada, intitulada Symptomatic of a Relationship Gone Sour: Heartburn/Nausea (2015) trazendo uma imagem explícita de si mesma injetando uma substância direto em sua veia em uma foto que parece ter saído direto de um livro sobre o Heroin Chic. Além disso, as imagens da biografia também trazem reflexões da artista sobre sexo, relacionamentos e abusos.
Nascida em Milão, na Itália, mas sendo criada a vida toda pelas ruas caóticas de New York, Julia cresceu e logo envolveu-se com as artes plásticas e com a atuação. A gata até mesmo fez uma exposição artística em 2017 que envolvia telas pintadas por ela mesma com seu próprio sangue como tinta, entitulada R.I.P Julia Fox (Descanse em Paz Julia Fox) . E sua carreira como atriz foi um pouco menos convencional do que a maioria das It Girls que estamos acostumados a acompanhar, já que Julia só começou a realmente ter uma carreira e ganhar bastante dinheiro quando passou a trabalhar como dominatrix. Ela conta que não era um trabalho que necessariamente envolvia sexo, mas ela ‘se desligava de si mesma‘ e atuava no papel que o cliente a pedisse (médica, enfermeira, mãe, professora, e até mesmo lutadora). Ela até mesmo recebia um briefing sobre qual seria o seu papel antes do encontro com o cliente para que pudesse se preparar para o show. E dessa maneira ela adentrou a bolha dos homens bilionários de NYC, recebendo presentes caros, roupas de alta costura, bolos de dinheiro e viagens exclusivas em jatinhos particulares. Mas foi o seu icônico papel no filme independente Uncut Gems (Joias Brutas) de 2019 que a projetou de verdade para Hollywood. Os diretores da obra, os irmãos Josh e Ben Safdie conheceram uma jovem Julia Fox e se apaixonaram por sua figura ousada, rebelde e até mesmo ‘problemática‘ (eles adoram observar figuras marginalizadas da cidade de New York e ouvir suas histórias) e a paixão foi tão grande que eles criaram um papel especial para ela no longa metragem que estavam produzindo, e que tinha ninguém mais ninguém menos do que o ator Adam Sandler no papel principal (em sua estreia em um filme de drama, ação e violência, nada parecido com seus costumeiros papeis de comédia). No longa, Julia também se chama Julia e também é uma jovem ítalo-americana, mas agora, que trabalha em uma suspeita joalheria frequentada por celebridades, rappers e criminosos. A personagem é amante do dono da loja, interpretado por Sandler, e o ajuda nas mais insanas tarefas sujas. O filme foi um sucesso de crítica, concorrendo aos mais importantes prêmios de cinema e contando com um produtor criativo de peso, Martin Scorsese. Você pode até não ter visto o frenético (e pesado) filme mas com toda certeza já ouviu o famoso trecho da entrevista de Fox em que ela alega ser ‘a musa de Josh Safdie quando ele escreveu Uncut Gems‘ (em um exagerado tom de voz e não identificado sotaque que apareceu e sumiu do nada).
Mesmo após o sucesso com a crítica, Julia não emplacou grandes sucessos no cinema após Joias Brutas, mas tornou-se uma espécie de musa underground, posando para incríveis photoshoots e ganhando uma fama de garota pin up por seu corpo voluptuoso e seus looks vintage. Mas foi quando apareceu ao lado do rapper Ye (na época, Kanye West) que seu nome passou a ser o assunto do momento na mídia. A gata chocou o mundo das celebridades ao ser a primeira ‘namorada oficial’ de West após o turbulento divórcio do rapper com a influencer Kim Kardashian, e saiu de um quase anonimato à uma fama excessiva que contava com apenas dois tipos de reações do público: amor ou ódio (sem chances de um meio termo). As redes sociais estavam obcecadas em falar que Julia era uma interesseira por estar com um rapper bilionário, mas a gata alegou em uma entrevista à um podcast que ‘namorou bilionários praticamente sua vida inteira‘. Mas o que mais causou alvoroço foi a mudança de seu guarda-roupas que saiu de pin up vintage e romântica para uma fashionista moderna regada de makes escuras, couro, látex, e roupas inusitadas criadas por ela mesma em seu apartamento como uma bolsa feita a partir de um par de calças jeans, top feito de fita colante, e uma mini bag feita de cabelo humano real. Sem contar que a ousadia de seus looks começou a soar cada vez menos como uma tentativa de chamar atenção e mais como autenticidade, bom humor, senso estético moderno, cativando aos poucos o público amante de moda.
Mas Julia sempre fez questão de deixar claro que não foi Kanye West que mudou seu guarda-roupas e que o rapper não ‘brincou de Barbie‘ com ela (como nós sabemos que ele fazia com a ex-esposa, Kim Kardashian). Os dois supostamente se conheceram em Janeiro de 2022 quando a atriz jantava ao lado de Madonna em um icônico restaurante da cena nova-iorquina e logo eles á foram passar o ano novo juntos em Miami Beach. O cantor ficou fascinado por ela e a tornou sua musa instantaneamente, criando ensaios de fotos artísticos em meio à restaurantes lotados para ela, a presenteando com araras e mais araras de roupas de alta costura (e presenteando ela e todas as suas amigas íntimas com legítimas Birkin Bags) e a levando à todos os desfiles de moda ao redor do mundo. O casal durou poucos meses mas rendeu muitos looks combinados e trouxe o autêntico estilo de Julia Fox para o mainstream. E apesar de ter namorado outras fashionistas e modelos após o término com Fox, nenhuma outra parceira romântica de Ye tornou-se o furacão poderoso que Julia criou. Seus looks continuaram a ser clicados diariamente por paparazzi e o público estava sedento para ver a próxima polêmica que a roupa do dia escolhida pela atriz causaria. Logo, essa obsessão popular fez com que tudo que Julia usasse fosse copiado por outras celebridades, virasse trend nas redes sociais e até mesmo influenciasse importantes fashion designers.
E desde então temos acompanhado Julia ser convidada à sentar na primeira fileira de desfiles de grifes renomadas na New York Fashion Week, na Milan Fashion Week e na recente Paris Fashion Week. E não para por aí, porque a gata também têm estampado capas de revistas, feito tutoriais de make para o canal de youtube oficial da Vogue, e até mesmo desfilou algumas vezes em importantes passarelas. Hoje ela também brilha em seu Instagram (que já conta com 1.3 milhões de seguidores) e ofusca outras celebridades com seu divertido, espontâneo e realista TikTok repleto de memes, debates sociais, piadas, histórias de seu passado, conselhos de maternidade, fofocas, DIY de roupas e muito mais. E a artista que antes era vista como uma caçadora de atenção, agora é uma das poucas celebridades que está em constante contato com seus fãs de forma pessoal, passando uma impressão de musa acessível, gente como a gente (que têm cativado até mesmo o público mainstream que torcia o nariz para ela). A cantora Charlie XCX recentemente alegou para a NYLON Magazine:
“Eu apenas acho que a Julia entende…Eu acho que ela é inteligente pra c*ralho. Ela nos dá o que queremos. Ela dobra os paparazzi assim como Paris Hilton fazia nos anos 2000. Ela nos dá frases que viralizam. Ela é divertida. Eu apenas acho que ela está realmente aproveitando o momento presente sem medo.“.
Os looks excêntricos de Julia Fox trazem uma carga histórica por trás, sempre referenciando fases passadas da vida e carreira da artista. Seus looks mais escuros, de látex, couro e elementos BDSM remetem à sua curta porém marcante jornada como dominatrix (por 6 meses) e também seus antigos trabalhos artísticos que focavam nos assuntos morte e perdas. Sua obsessão por calças de cintura baixa referencia sua juventude nos anos ’00s e sua própria marca de roupas criada em 2014, a Franziska Fox. Sua personalidade destemida rendeu um photoshoot onde ela veste roupas em chamas. E sua presença marcante lhe rendeu frutos fashionistas como abrir o desfile da grife Laquan Smith na NYFW, fechar o desfile da Patou em Paris, e sentar na primeira fileira do desfile da Diesel em Milão (como convidada vip na estreia do estilista Glenn Martens).
Além disso, Julia foi a garota propaganda de uma recente campanha da Supreme, posando para um ensaio repleto de sex appeal em um papel de aeromoça sensual que atende pessoalmente cada um dos passageiros ali presentes (todos homens exibindo itens de luxo e bolos de dinheiro). A Mrs Fox ama falar sobre seu passado como dominatrix durante seu tempo no ensino médio, sua marca de roupas criada junto com uma amiga ao longo de seus 20 e poucos anos, e de sua famosa Mercedes Benz vermelha e conversível que a levava de um lado para o outro nas sujas ruas de New York City. E quando atingiu a fama estrondosa, sua RP a alertou para não mencionar nunca seu passado cheio de ‘escândalos’, mas Julia se recusou a atingir o estrelato sem mostrar quem ela realmente é, com todos os detalhes de sua época auto publicando livros bizarros e expondo sua arte em minúsculas galerias. Para terminar, uma explicação da própria artista sobre sua ascensão (em entrevista para a The Cut):
“Eu amava ser famosa dentro do meu nicho. Eu nunca desejei ser super-mega famosa. É como um fim de carreira e vida para muitas celebridades. Eles se tornam reclusos e paranoicos e se escondem. Eu me recuso a não viver a minha vida autenticamente.“.
Que a chama criativa e fashionista de Julia Fox continue acessa pelo tempo que for necessário, pois estamos amando a autenticidade.
E aí, vocês acham que a Julia tem o que é necessário para ser considerada uma It Girl? Deixem nos comentários!